terça-feira, 18 de agosto de 2009

Higiene para o sexo anal (parte II)


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Enganos freqüentes e soluções


Engano 2:

“Meu marido e eu sempre fazemos a higiene, com todo o zelo... Como é bom saber que podemos transar sem camisinha, à vontade, de um jeito confortável e saudável!”

Agora, atenção: chuca não é pretexto para deixar de usar camisinha! Quando dizemos “chuca perfeita” e “transa limpa” não dizemos com isso que o interior do intestino ficará “clinicamente” limpo. Ausência de fezes não significa ausência de coliformes! Estes, mesmo em pouca quantidade, ocasionalmente poderão causar problemas se em contato com o pênis.

Citemos como exemplo, a infecção do epidídimo, conhecida como epididimite, da qual uma das causas é quando o bacilo patogênico entra pela uretra e se instala no interior do corpo – o que, em casos extremos, pode levar ao câncer.

Sim, sabemos que não é de uma hora pra outra que alguém contrai isso, mas o importante aqui é lembrar que não pegamos doenças unicamente de pessoas adoentadas ou infectadas por algum agente patogênico, mas sim devido a atitudes não-saudáveis. E aí não importa a mínima se o parceiro for a “alma gêmea” da nossa vida, a pessoa mais fiel, ou a mais limpa e higiênica do mundo etc. – riscos ainda haverá.

Isso sem falar em todos os demais problemas advindos desse descuido com a camisinha...


Engano 3:

“Os médicos dizem que fazer a chuca causa transtornos à saúde, como infecções, escamação da mucosa, perda da flora intestinal, entre outros males. Mas se eu deixar de fazer meu namorado vai se incomodar...”

RESPOSTA – Nem todos os médicos têm opinião formada sobre essa lavagem caseira. Em tempos recentes, muitos passaram a criticar o método, às vezes exageradamente. Explicaremos por que se deu isso.

Nossos antepassados distantes já conheciam a chuca, embora não a chamassem assim. Eles usavam uma técnica similar com o pretexto de curar a prisão-de-ventre, mas já sabemos que não era só por isso... Tratava-se do clister – tradicionalmente uma espécie de sifão, parecido com uma bisnaga de inseticida (“flit”) das antigas, que chegou a ser bem popular para o uso doméstico no século 19. Os membros de uma mesma família chegavam a aplicar uns nos outros sem maiores cerimônias. Com o passar do tempo, o clister foi sendo mais associado ao sadomasoquismo, com alguns se divertindo exageradamente com o hábito de botar água... Os médicos, de modo geral, viram que o exagero das pessoas estava lhes fazendo mal e daí em diante passaram a desaconselhar o uso do clister. Só que acabaram também, com isso, inibindo também o hábito da higiene anal. (Não seria então melhor que se abolisse a ignorância quanto à técnica, ao invés da técnica em si? É tudo uma questão de informação e desinformação pública...)

O que a medicina atualmente diz de correto a respeito disso é com relação ao excesso e a prática mal-feita dessa lavagem intestinal – mas nós já abordamos aqui adequadamente todos estes reveses, sem esquecer das advertências necessárias.

Veja de novo alguns exemplos de chuca mal-feita:

* Com a água quente demais ou fria demais;

* Enfiar a mangueira no ânus (arranha por dentro);

* Fazer a lavagem todo dia, excessivamente;

* Botar muita água de uma única vez;

* Água suja ou com muito cloro etc.

Seja como for, a medicina e a indústria farmacêutica estão aos poucos desenvolvendo novos produtos para limpeza intestinal não-purgativos, que seguem a tradição do clister. A tendência é substituir a água por líquidos especiais para injetar no corpo, que não retirem a flora intestinal nem a mucosidade e por isso não tragam contra-indicações nem mesmo sob uso diário. Mas o avanço é lento: os produtos atualmente disponíveis são ainda ineficientes, em comparação ao praticíssimo método caseiro de lavagem... Resta-nos, portanto, ainda como melhor alternativa, o chuveirinho – com uso moderado e adequado.


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Higiene para o sexo anal (parte I)


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Enganos freqüentes e soluções


Engano 1:

“Sexo anal é uma muito antiigiênica... geralmente têm resíduos de fezes lá dentro da bunda, que acabam saindo durante a relação, o que pode ser constrangedor a acabar inibindo a relação... ou irritar bastante o parceiro ativo.”

RESPOSTA – Aqui se evidencia uma falta de diálogo e comunicação entre os gays: embora existam várias maneiras de se conseguir uma relação limpa e confortável, a maior parte da comunidade gay do mundo não parece se dar conta disso.

Esse negócio de pintar sujeira durante as relações é comum; tem gente que se acostumou (e se acomodou). E para isso até inventaram no Brasil a expressão “passar cheque” – já que “cheque” é uma gíria gay para fezes (como “nena”, entre outras).

No caso, podemos decidir fazer duas coisas: ou nos conformamos com isso e transamos assim mesmo (há quem faça questão...) ou então arranjamos um modo mais eficiente de deixar a parte final do intestino bem esvaziada antes da relação.

Há diversas técnicas para isso, optativas, e a elas podemos aliar algumas medidas que facilitam a relação anal. Algumas podem ser aplicados concomitantemente. Mas o importante é que ao menos uma delas seja usada. Ei-las:

* Cuidar a hora e a ocasião de transar. É melhor que o passivo só transe se naquele mesmo dia já tiver evacuado, ao menos uma vez. Como as pessoas geralmente evacuam ou pela manhã ou pela tarde, é mais garantido que, à noite, estejam com a bunda “relativamente” vazia por dentro. Assim, é bem recomendável “dar” à noite, sempre que possível.

Grau de eficiência: pequeno. Ainda haverá resíduos, mas pelo menos não será um grande acúmulo de matéria fecal. É o mais básico a se fazer.

* Controle nas evacuações. Cuidar a freqüência e a maneira de fazer. Deve-se fazer um esforço para sair a maior quantidade de fezes possível em cada evacuação. Isso é até uma questão de saúde geral; vale para qualquer pessoa, independente se fazem sexo anal ou não. É O QUE A MAIORIA DOS PRATICANTES DE SEXO ANAL FAZ, mas os resultados são um tanto imprevisíveis.

Grau de eficiência: de pequeno pra médio (mas varia de pessoa pra pessoa, ou em cada caso). Via de regra, ainda suja um pouco, mas dá para encarar.

* Limpar o ânus por dentro, com os dedos. Faz-se isso durante o banho, antes de ir transar. Agache-se, meta o dedo e vá tirando a “matéria”. É útil, mas dificilmente servirá para efeito de limpeza profunda, pelo fato dos dedos serem muito curtos: só se pode tirar os resíduos que estiverem ali próximo à abertura (felizmente, a sujeira costuma ficar mais perto ali do orifício). Há quem ache nojento limpar assim... Mas pior seria deixar nojenta a transa – é bom lembrar.

Grau de eficiência: médio ou bom... Só recomendável àqueles que que morrem de medo de chuca.

* Chuca ou enema ou clister ou chuveirinho. Lavagem interna, com água ou outros líquidos injetados dentro do corpo. Das técnicas citadas, essa é a que produz os melhores resultados, mas é a que deve ser praticada com freqüência mais moderada, por uma questão de saúde. CHUCA é o nome popular dado pelos gays do Brasil a esse método. Nos países de língua inglesa, usa-se geralmente o termo ENEMA. O termo médico correto é HIDROCOLONTERAPIA. O grau de eficiência é grande: não aparece nenhuma sujeira visível durante a transa, igualzinho aos filmes pornôs (cujos atores sempre fazem chuca antes de filmar, por sinal).

Dentre as técnicas, abrirei mais espaço para falar dessa, já que é tida como a mais eficiente, e praticada a nível mundial, ao menos pelos gays que se consideram mais experientes.

Como fazer:

Durante o banho, use a mangueira no chuveiro, que geralmente traz uma duchinha na ponta (o tal “chuveirinho”), para injetar água dentro da bunda, e assim realizar a lavagem. (Claro que a água não pode ser muito quente e nem muito fria, e que seja suficientemente limpa e potável; e também nunca enfie a mangueira no ânus! – basta simplesmente encostar a extremidade dela no orifício, firmemente, e a água já entra com facilidade.) Quando sentir que a bunda já está bem cheia de água (a bunda, não a barriga toda, ok?), vá até o vaso sanitário, sente-se e solte tudo. Os resíduos de fezes sairão junto, com certeza – mas não tudo de uma única vez. Daí é necessário repetir a operação algumas outras vezes, porque certamente descerão mais resíduos, vindos lá do fundo, puxados pela água que entrou. Assim, vá de novo ao chuveiro, lave o ânus e coloque novamente água, volte ao vaso... e cada vez que lá sentar, deixe sair TODA a água, devagar e com paciência (isso é importante). Essa operação de botar água e soltar geralmente é feita 4 ou 5 vezes, podendo variar. O banho até poderá ser demorado, mas não é pra se fazer chuca todos os dias, de qualquer forma...

E se você ainda não defecou nesse dia, é certo que defecará agora, pois a água puxará todo objeto que se encontrar na última parte do intestino, indo mais longe que o reto.

Feita a chuca, lubrifique o ânus com saliva (sabonete e xampu são desaconselháveis, pois podem irritar a mucosa lá dentro), e introduza-se um dedo para examinar se já está bem limpinho. Geralmente, a essa altura, já estará. Pronto!

Mas também não podemos exagerar nessas lavagens; aliás, nenhum exagero é bom. Não podemos nos acostumar a fazer chuca com muita freqüência, pois o intestino pode começar a ter dificuldade em trabalhar do modo natural. Aí o indivíduo só conseguirá defecar com o uso da duchinha – é a tal “chuca viciante”. Fora outros problemas que poderão advir deste excesso: machucaduras, redução da flora intestinal, da mucosidade etc. Para que nada disso ocorra, a lavagem deverá ser feita apenas nos dias das transas, e não sempre. Recomenda-se no máximo duas vezes na semana, preferencialmente uma. Se for um casal, e quiserem transar todos os dias, eles podem se revesar nos papéis, e aí já teriam mais dias na semana para transar.

E se o sujeito quiser “dar” todos os dias? Bem, já que a chuca muito freqüente é desaconselhável, temos como saída para isso as demais opções de limpeza interna já mencionadas, mesmo não sendo tão perfeitas.

Também é bom não ir transar imediatamente após a lavagem. O certo é esperar pelo menos uma hora, e preferencialmente duas, para que o reto recupere a lubrificação natural (muco) e a sensibilidade interna. Não há maiores problemas, pois, se a chuca tiver sido bem feita, seu efeito poderá durar muitas horas.

Eis aí, finalmente, o modo saudável e correto de higiene prévia para o sexo anal.


(CONTINUA)


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Prazer anal – como obter (parte II)


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Praticando sexo anal


Iniciando =

Como já dissemos, não basta só “chegar e meter”, sem nenhum conhecimento. É bom que os parceiros já saibam como é ser penetrado no ânus, e para isso se aconselha que, desde bem jovens, pratiquem a auto-penetração, como complemento à masturbação convencional.

Começando pelo básico:

ABUSE do GEL lubrificante – não se machuque à toa.

Farta munição de CAMISINHAS.

Espera-se também que, antes de transar, já tenham feito a devida higiene interna (abordamos isso detalhadamente na seção Higiene para o sexo anal), a menos que não se importem de haver contato, durante a relação, com os resíduos de fezes normalmente presentes dentro do intestino (um motivo a mais para usarem a camisinha, embora haja muitíssimos).

E lembrando pela bilionééésima vez daquilo que quase todos esquecem: tirar todo o ar da ponta da camisinha, pra evitar que ela estoure depois – básico...

Para o começo da penetração, há várias opções: pode ser as “3 etapas” da penetração (mencionadas no Engano 3 do fator Dor e desconforto no sexo anal, parte I), ou abrir o ânus com os dedos, com a língua, ou um objeto qualquer; ou o tal “movimento contrário” do ânus – assim que o pênis começa a entrar, o passivo faz força para fora, com o ânus, como se estivesse defecando, e daí o membro entra fácil e sem maiores empecilhos (apesar de parecer que vai acontecer o contrário). Assim que ele sair (parcialmente), volta-se a contrair o ânus. E assim, sucessivamente.

Claro que, nesse caso, à medida que o ritmo do vai-e-vem for ficando mais intenso, já não será mais possível para o ânus acompanhar o vai-e-vem com o “engole-encolhe”. Mas isso nem será mais necessário então, porque cada um seguirá seu próprio ritmo – já foi feito o devido “ajuste”.


Posições =

Há várias; muitas excelentes, mas algumas só interessantes no imaginário pornográfico. As “clássicas” são 6: a de quatro, a de bruços, a de pé, a de cócoras, a de lado e a de “frango-assado”. Mas também há as “híbridas” (fusão entre uma e outra) e muitas variações. Mas isso já é para um estudo mais avançado; aqui nos deteremos só no básico.

Em todos os casos, é bom sempre lembrar que a direção do canal retal acompanha a redondeza da bunda, paralela à extremidade final da coluna vertebral, não atravessando o corpo retilineamente. O estímulo do lado oposto, onde fica a próstata, é feito indiretamente, com o corpo de pênis, mais do que com a extremidade, e sempre cuidando para não bater de frente na bexiga, situada mais adiante que a próstata e que, ao contrário desta, não costuma suportar a mesma pressão. Cuidado, portanto.

* Sentar no pênis, agachado, é o que mais se aconselha aos principiantes. É o modo mais simples, no qual o passivo é quem faz o movimento e comanda a transa, controlando a intensidade das “estocadas”. É bom para o ativo poder descansar um pouco, também.

* A transa de pé é ideal para lugares inóspitos, ou na falta de um leito.

* A vantagem da posição de quatro ou “cachorrinho’’ é que ambos podem se movimentar mais livremente.

* Na transa de lado ou “pombinha baleada”, há um certo igualitarismo, sem reminiscências a um papel “subjugador”.

* Já a de bruços, com ambos deitados de barriga, é recomendada para os passivos que querem sentir todo o peso do corpo do ativo. Este pode também agarrar seu parceiro pelos lados do corpo, puxando-o para si – é bem excitante. (É bom deixar um ou dois travesseiros embaixo do corpo, para deixar a bunda bem empinada e acessível) Mas o passivo terá dificuldade de se masturbar, caso não se contente apenas com o prazer anal. Poderá, então, recorrer à fricção da colcha ou esperar pelo orgasmo indireto (ver mais adiante), se tiver tal capacidade.

* É na posição “frango-assado” ou “papai-e-mamãe gay” que o estímulo da próstata geralmente é feito com mais eficiência: com ambos os parceiros de frente um para o outro, o corpo do passivo pode se dobrar bastante, e a região da próstata ficará mais exposta, vulnerável. A tendência do ativo será sempre estimular esta parte – as sensações mais intensas serão, assim, na região atrás do períneo (o espaço entre o “saco” e o ânus). O prazer pode ser enorme!


Troca-troca =

E se ambos quiserem “dar e receber”? Bem, aí recomenda-se que a troca de papéis seja realizada antes da parte do “clímax” – é melhor que ninguém ainda tenha tido orgasmo. Se pintar um orgasmo em alguém, é melhor que a parte das penetrações neste alguém seja suspensa por um longo tempo, mesmo se não houve a troca de papéis. Explica-se: como já vimos antes (Dor e desconforto no sexo anal, parte II – Engano 4), há sempre um grande esforço dos músculos que envolvem a próstata durante o orgasmo, para liberar o esperma, e na seqüência o reto fica “cansado” e contraído, podendo doer ao ser penetrado, o que, somando ao fato de o indivíduo ter perdido momentaneamente a excitação, causará considerável desconforto durante o papel passivo, mesmo que algum ligeiro prazer anal ainda possa persistir. Se bem que, após uma meia hora ou menos, a pessoa possa voltar à excitação, é mais recomendável que faça o papel ativo novamente, porque a bunda ainda estará toda contraída por dentro, por causa do orgasmo anterior. E não convém judiar da próstata.

Essa velha história de “eu dei por último e não consegui sentir prazer no cu” tem que acabar! Basta que se controle a chegada dos orgasmos ou que se tenha paciência para fazer pausas entre as etapas do lovemaking e já se estará resolvendo este grande problema da humanidade...


Orgasmo indireto por estímulo combinado =

Sabemos de casos (embora raros) em que o passivo chega a ter orgasmo e ejacular sem sequer ter tocado em seu pênis. Ao que tudo indica, isto ocorre porque a base interna do pênis recebe as vibrações de prazer vindas da região da próstata, tendo sido esta região muito estimulada pelo pênis do parceiro ativo. É provável que este fenômeno, denominado “orgasmo indireto”, seja da mesma natureza da dita ejaculação precoce (quando às vezes basta endurecer para ejacular). Mas, para quem gostar disso e souber se controlar para não ter orgasmo rápido demais, é uma boa pedida.

O prazer anal terá de ser enorme para permitir tal façanha; mas, é preciso dizer: o gozo do pênis, em si, nesses casos, quase sempre não será muito grande, às vezes quase imperceptível – porque será sobrepujado pela sensação anal, que predominará. Não se pode falar de um “prazer duplicado”, portanto, em sentido literal. A sensação “total” no pênis geralmente costuma ser sentida quando as atenções da mente e do corpo não estão simultaneamente voltadas ao que ocorre na região anal.


Orgasmo simultâneo, controle de orgasmos =

Para os parceiros terem orgasmo ao mesmo tempo, recomenda-se fazer pequenas interrupções na transa, ou, antes, no ritmo dela, toda vez que alguém sentir que o orgasmo está se aproximando. E que a masturbação do passivo seja bem leve, só para complementar a sensação no ânus – e não o contrário. Mas é claro que “interrupções” não significa que cada um tenha de virar a cara um para o outro! Sejamos criativos, ok? Carinhos, carinhos e carinhos...

Justamente para a transa não ser curta demais, ela não deve ser feita numa única seqüência e num único ritmo. Muitas coisas podem acontecer – é só usar a imaginação!

Deve-se ainda cogitar o imprevisto de surgir um orgasmo indireto repentino, caso o passivo tenha propensão a isso. É uma questão de comunicação.

O sexo oral pode servir como “interrupção”, mas aí cabe observar que na maioria das vezes são justamente as “chupadas” que fazem a transa terminar rápido. Assim, com o mesmo intuito de “interromper” pode-se recorrer também à penetração, se o sexo oral igualmente ameaçar levar logo ao orgasmo a quem se está chupando. (Abordaremos particularmente o sexo oral em outro estudo.)

Como sugestão de “pausa”, pode-se ainda sugerir o uso de objetos fálicos. Será uma pausa muito bem vinda – aliás, uma pausa que não é uma pausa...

Claro que os parceiros podem também achar chato todo esse “controle” e queiram abrir mão do orgasmo simultâneo; mesmo aí haverá muito a se fazer, tendo-se tempo...


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Prazer anal – como obter (parte I)


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O Engano e a solução


O Engano:

“Não é possível gozar pelo ânus! O passivo se deixa penetrar apenas para satisfazer o parceiro ativo. O homem só sente prazer no pênis...”

RESPOSTA – Os fatos desmentem isso. É raro encontrar um gay que seja “100% ativo”. A maior parte dos homossexuais masculinos prefere mais ser “comidos” que “comer”, embora costumem fazer ambos os papéis. Ora, seriam todos masoquistas? Ou seria o prazer anal apenas psicológico, e não uma sensação física?

Não, ledo engano! Já vimos que há uma série de cuidados que eliminam absolutamente todo o incômodo durante a transa. Os poucos gays que consideram o papel passivo um “sacrifício” simplesmente desconhecem as regras básicas do sexo anal.

Mas deve se deixar bem claro: esse “gozo anal” é muitíssimo diferente do orgasmo. Este dura no máximo 4 segundos, embora seja precedido por boas sensações gerais no corpo todo e na mente. O prazer está imensamente concentrado num curto período de tempo e, por isso mesmo, é extraordinariamente forte. Mas, infelizmente, passa rápido demais e por isso pode deixar uma impressão de desilusão ou insatisfação.

Já o ânus não pode ter um orgasmo, igual ao pênis, mas o prazer sentido ali quase sempre se prolonga durante toda a transa, ou então vindo sucessivamente, entre pequenos intervalos. Mas isso também depende de se estimular a zona certa.

A bunda, essa desconhecida, possui um foco interno de sensibilidade que, se for repetidamente estimulado por algum objeto que se insira no reto, pode responder com uma extasiante sensação de alívio, realmente compensadora. Esta região hipersensível pode ser chamada região prostática, porque está envolvendo a próstata, a glândula que regula a sexualidade masculina. Tal região é chamada “Ponto G” do homem.

A próstata se localiza precisamente entre o reto e a base interna do pênis (atrás do períneo, aquela parte lisa entre o “saco” e o ânus, onde corre um risco de pele) e há uma conexão entre essa base, a próstata e o reto. Junto ao reto, esta conexão compreende um agrupamento de terminais nervosos de hipersensibilidade, que se estende também até a abertura do ânus. (Podemos facilmente sentir a próstata, quando nos introduzimos um dedo: sobre ela o reto traz uma plataforma, lisa e arredondada, como um pequeno disco, a 5/6 cm da abertura. Esta plataforma costuma “pulsar” convulsivamente durante o orgasmo, pois os músculos ao redor da próstata a espremem automaticamente para fazer sair o líquido espermático.)

Assim como, para a mulher, existe ao mesmo tempo um órgão proeminente, sediador do orgasmo, no exterior da vulva (a popular “buceta”), que é o clitóris (o popular “grelo”), e também um local no interior da vagina, um pouco à esquerda de quem entra pela frente, chamado o “Ponto G” feminino, que sedia uma outra sensação, diferente do orgasmo, mais profunda e esparsa, também para o homem existe uma parte saliente sediadora do orgasmo (o pênis) e uma do outro gozo, o esparso e profundo, extensa ao longo do reto e também nele, mas que se concentra muito mais na parte próxima à próstata. Este é o “Ponto G” do homem – justamente dentro da bunda!

Pergunta-se: por que ele existe? Para que serve? É obra da natureza, ou mero acaso?

Ora, será tão difícil assim admitir que o prazer seja algo muito mais que justificável – um elemento indispensável em nossas vidas?

E isso não é somente para os gays. TODOS os homens podem sentir prazer na bunda; nenhum heterossexual vira gay só por gostar desta sensação. Ser gay e gozar pelo ânus não é a mesma coisa! Seria o mesmo que dizer que uma mulher é menos mulher por ter orgasmo no clitóris – que é uma espécie de miniatura de pênis, escondido na entrada da vagina. Note-se que o prazer do clitóris é um prazer “ativo” e viril.

Assim, tanto o homem quanto a mulher possuem, cada um, duas zonas do corpo que podem sediar os dois tipos de prazer: 1 – o prazer ativo/penetrador, sentido em uma estrutura convexa (saliente) e 2 – o gozo do Ponto G, que é um prazer passivo, deleitoso, sentido em uma estrutura côncava (reentrante).

O que se conclui disso? Que a reprodução biológica não é a única finalidade da sexualidade. Afinal, o que o ânus e essa região têm a ver com a reprodução? A natureza quer que sintamos muito prazer e sejamos felizes, antes de mais nada. Cada parte do corpo tem muitas utilidades, não apenas uma ou duas. Assim, é absurdo dizer: “este órgão foi feito só para isso e aquele só para aquilo”. Variar não é contra a natureza, mas, sim, restringir. Variar equivale a progresso, libertação, realização; não é uma transgressão de leis naturais. Somente presunçosos ou preconceituosos acham que conhecem todas as leis da natureza...

Apenas quando o “variar” provocar dor e sofrimento, ou reprime o prazer, poderá ser considerado contra a natureza. Mas carinho e afeto sempre serão naturais, inclusive na versatilidade do corpo.

A dificuldade de se praticar o sexo anal não estava originalmente na natureza: ela foi forjada e reforçada deliberadamente pela civilização moderna. Se a sociedade permitisse que as pessoas tocassem mais em suas bundas, tudo o que estivemos expondo neste trabalho seria naturalmente descoberto, desde muito tempo, por todo mundo, e não apenas por uns poucos. Como sempre, o homem se emancipa da natureza utilizando os próprios elementos dela. Ela apenas contribui colocando os elementos à nossa disposição.


(CONTINUA)


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Dor e desconforto no sexo anal (parte II)

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Enganos freqüentes e soluções


Engano 4:

“Mesmo fazendo com cuidado, percebo que, se em algumas vezes dar o c* é uma delícia, em outras não consigo achar tão delicioso assim; na verdade, surge até uma sensação parecida com diarréia.”

RESPOSTA – Se os parceiros já tomaram as medidas anteriores, a explicação só pode ser a seguinte: esse incômodo ocorre para aquele que faz o papel passivo imediatamente após já ter tido o orgasmo propriamente dito (no pênis), numa relação do tipo “troca-troca”.

Para aquele que começa “usando” o pênis e termina “usando” o ânus, o resultado costuma ser desvantajoso, se não for dada uma boa pausa entre as duas transas. É o que agora trataremos de explicar.

Deixemos claros os termos: denominamos orgasmo do homem a sensação ultra-concentrada de prazer no pênis, muito breve (3 ou 4 segundos), durante a ejaculação.

Já o que chamamos de gozo anal é a sensação voluptuosa de prazer esparsa, pouco concentrada, não tão intensa como o orgasmo, porém longa e muito duradoura, sentida na região interna do ânus, quando os terminais nervosos altamente sensíveis que envolvem esta região, a próstata e a base interna do pênis são estimulados repetidamente.

Quando um homem tem orgasmo, automaticamente há uma forte contração dos músculos desta região, por dentro, para impulsionarem a próstata a liberar o líquido espermático. Depois que isso ocorre, o reto continua contraído e os músculos que o envolvem (e o movem) ficam, literalmente, cansados. Então, qualquer objeto que encostar ali dentro durante os próximos minutos produzirá uma sensação incômoda, nada excitante, que pode inibir quase inteiramente o gozo anal.

Digo “quase” porque sempre resta o fator psicológico (partindo do princípio que a idéia de que “um homem está me penetrando” compensa a diminuição do prazer físico), além de um pouquinho que resta daquela sensibilidade esfincteriana-prostática.

Infelizmente, muitos se deixam penetrar imediatamente após terem o orgasmo e acabam se desapontando, ficando com medo de sexo anal, e desistem dele para sempre, por pura desinformação ou inibição de quererem entender melhor seus próprios corpos.

Assim, se aquele que começou sendo o ativo teve orgasmo, não vai conseguir sentir 100% de prazer na própria bunda se for o passivo imediatamente depois. Apenas bem mais tarde seu corpo estará menos tenso por dentro, naquela “região crítica” – aí será a hora da revanche!

Resumindo: o troca-troca “perfeito” se realiza OU quando ambos os parceiros têm orgasmo simultaneamente, OU quando se faz uma pausa considerável entre as duas “trocadas” (caso o ativo da 1ª parte tiver orgasmo antes do passivo).


Engano 5:

“Sexo anal freqüente pode provocar lesões no intestino, ou hemorróidas.”

RESPOSTA – Bom, aí depende de dois fatores: o tal “freqüente” e o modo como é feita a transa. É claro que se deve evitar a violência. Não que uma boa seqüência de fincadas vigorosas seja uma violência, mas, se o casal gosta de transar num ritmo mais pesado, então cada parceiro deve ser o passivo no máximo umas duas vezes por semana, pois, caso contrário, o reto pode começar a doer sempre.

Por outro lado, aqueles que fazem devagarzinho, cuidadosamente, até podem fazer amor todos os dias, se quiserem e tiverem oportunidade. Podem ainda alternar a vez de quem vai ser o passivo e quem vai ser o ativo, de acordo com o dia – é uma opção.

Que fique bem claro: o “ambiente” do interior da bunda tem seus limites. A ampola retal tem normalmente 15 ou 16 cm de profundidade; depois disso vem a primeira curva brusca do intestino grosso (ou cólon), lá no fundo (na região denominada sigmóide). Ora, mesmo que o interior possa se esticar um pouco mais, dificilmente conseguirá conter inteiramente um objeto que mergulhe a mais de 17 cm. Não se deve insistir em meter tudo em casos assim; aí poderia haver uma contusão ou lesão.

Deve-se também prestar atenção na direção do canal retal. Ele segue a curvatura da coluna vertebral, direto para o alto. Assim sendo, o pênis penetrante não deve invadir diretamente em linha reta, como que cortando o meio do corpo do passivo, pois aí poderia se chocar violentamente com a bexiga. Portanto, no caso de uma transa na posição de quatro, ou de bruços, ou de pé, o pênis deve preferencialmente seguir para cima, acompanhando a curvatura da bunda. Já na posição “frango assado”, feita com os parceiros de frente um para o outro, o pênis penetrante deve orientar-se ligeiramente para baixo.

Também não se deve imitar o ritmo dos atores de filmes pornográficos mais “barra-pesada”, que exploram todos os limites do corpo humano. O “atletismo sexual” não é necessariamente um fator de prazer, embora possa ser excitante vê-lo em filme. Um pouco de sutileza sempre cai bem.


Engano 6:

“As campanhas informativas dizem que o sexo anal provoca sangramentos, e é por isso que há grande facilidade de ocorrer contágio de HIV. Ora, se há pequenas hemorragias, isto é certamente ruim e doloroso!”

RESPOSTA – A maioria das campanhas informativas não explica como se deve praticar sexo anal adequadamente. Elas nos fazem crer que ele será sempre violento. Se bem que, de fato, quase todos que o praticam agem realmente sem o devido conhecimento, não sendo de se estranhar que chegue a ocorrer problemas, nestas condições... Mas, se as dicas aqui forem observadas, os males serão todos prevenidos.

O que pode ocorrer, no máximo, nas transas que passam só um pouquinho dos limites, são as ditas microlesões, que, como o nome indica, são tão micro, que ninguém consegue sentir e muito menos há sangramento... É ainda mais insignificante que a irritação provocada na pele do rosto de quem se barbeia de modo apressado (irritação: nunca corte, porque microlesão nem mesmo significa corte, mas só arranhadura leve – e, mesmo assim, é preciso ser mesmo muito “chucro” para provocar arranhadura com um objeto liso, feito de carne, como o pênis, que nem sequer é áspero!).

É verdade que mesmo as arranhaduras microscópicas podem permitir a passagem do HIV. Não se pode esquecer disso. Mas isso não significa, em hipótese alguma, que a mera presença desses arranhamentos microscópicos provoque dor ou desconforto durante o ato sexual. Ninguém consegue senti-las, e, se sentisse alguma coisa, então aí já não seriam mais microlesões...

Apenas no caso de serem inseridos objetos estranhos e ásperos, o reto e o ânus poderão sangrar mesmo. É só uma questão de bom-senso.


Engano 7:

“O intestino não foi feito pela natureza para servir ao ato sexual, e é por isso que surgem tantos incômodos nesta relação.”

RESPOSTA – Ora, é só incômodo para quem não conhece os fatos. Conhecendo e praticando, é o “paraíso”!

Em 1o lugar, devemos saber que “contra a natureza” não é o mesmo que “acrescentar” algo a ela. O sexo anal bem realizado não é “contra” coisa alguma, porque não destrói nada na natureza. Se fosse um gesto violento e precipitado, aí sim seria uma legítima destruição, algo antiético e antiecológico. Mas e sexo anal é apenas um acréscimo na natureza, sem a perverter. E digo mais: ele é um verdadeiro progresso humano (os animais não sabem fazê-lo!), sinal de criatividade e versatilidade digno de parabenizações, e podendo ainda a vir a contribuir para a estabilização dos relacionamentos, inclusive e principalmente entre os heterossexuais. (“Salvar casamentos” não implicaria “salvar famílias”?) É um tipo de carinho, uma carícia profunda, jamais uma perversidade.

Em 2o lugar, se aquilo que for acrescentado à natureza pelo homem servir algum propósito benigno (e carinho e afeto são sempre algo bom), então estará servindo à própria natureza, sendo desta forma perfeitamente natural. Desde quando um puro gesto de afeição e amor ao próximo pode ser contra a natureza?


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Dor e desconforto no sexo anal (parte I)


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Enganos freqüentes e soluções


Engano 1:

“Sexo anal é dolorido para o passivo, pois o pênis é grosso demais e o orifício muito estreito. Uma penetração perfeita só pode ser vaginal...”

RESPOSTA – Antes da mais nada, para ser penetrado, o ânus precisa de um preparo. Ele visa primeiramente dois fins: elasticidade e lubrificação.

A lubrificação pode ser com saliva ou gel especial, que tem em qualquer farmácia (peça o K-Y, que é o mais seguro, não danifica a camisinha e nem faz mal à saúde). Se usarmos apenas saliva, terá que ser em grande quantidade. Nesse caso, o mais recomendável é introduzir primeiramente os dedos para melhor “preparar” o ânus. Introduzindo um dedo (ou dois, dependendo do caso), faremos com ele alguns movimentos para causar elasticidade no esfíncter (o “anel”). Pode-se trabalhar primeiramente com dois dedos, e, mais tarde, quando relaxar o bastante (e se julgarem necessário), colocar três dedos – mas só a metade deles, bem devagar e com muitíssima lubrificação.

Pode-se fazer também o encaixe em 3 etapas, bem simples:

1a etapa = entra apenas a extremidade do pênis, digamos 1/3 ou 1/4 dele. Bem devagar, com cuidado. Fiquem um tempo só nisso.

2a etapa = já pode entrar a metade do pênis, em movimentos lentos e cuidadosos.

3a etapa = por fim, o pênis já pode entrar inteiramente, uma vez que os músculos do ânus ficaram devidamente relaxados.

Há ainda quem recomende o annalingus (cunete) como medida mais eficaz para o relaxamento do ânus. Aí depende da desinibição dos parceiros (além do fator higiene, logicamente). Em certos casos, uma língua pode fazer milagres...

E se o passivo pouco experiente ainda estiver com dúvidas, recomenda-se que comece a transa sentando sobre o pênis do parceiro (acocorado é melhor), pois essa forma é a mais indicada para o principiante, já que permite que ele possa um maior controle das penetrações.

Sim, pode-se transar sem tantas preparações, mas é sempre recomendável se precaver. Fora que há pessoas com o ânus muito estreito – cada caso é um caso.


Engano 2:

“Apenas a vagina tem lubrificação natural, não o reto. Por isso é tão difícil fazer sexo anal.”

RESPOSTA – Ora, o lubrificante natural da vagina é do tipo que apenas surge quando a mulher fica excitada, mas isso não quer dizer que o intestino não produza, por si mesmo, lubrificação. Ele produz (embora em pouca quantidade), mas é quase certo que isso não se deve à excitação psicológica do passivo... Trata-se do muco, substância incolor e viscosa sempre presente dentro do corpo, mas que só surge em maior quantidade quando há algum objeto lá dentro, pressionando as paredes internas.

Por isso mesmo, pode ser de utilidade fazer o estímulo prévio com o dedo, durante um tempo, até que o interior fique mais úmido. Mas – é bom que se diga – a lubrificação natural, neste caso, será sempre pequena, de qualquer forma, e não dispensará o uso de um lubrificante adicional.


Engano 3:

“Há sempre uma sensação desagradável no começo, quase uma dor, parecida com vontade de defecar. É ruim a sensação de defecar para dentro.”

RESPOSTA – Antes da mais nada: a sensação parecida com “vontade de defecar” é inevitável e sempre vai continuar durante a transa, o que não significa que a pessoa vai realmente defecar. Quando defecamos, podemos ter duas sensações: uma é bem agradável, e é o normal de acontecer. A outra, desagradável – quase uma dor –, ocorre geralmente em casos de diarréia ou acompanhada de algum outro distúrbio da saúde. Mas pode ocorrer quando há uma penetração anal muito brusca, num indivíduo ainda não acostumado à prática.

Há um modo simples de evitar isso: seja qual for o objeto que entrará, o indivíduo passivo deve, logo no início da penetração, fazer força com o ânus para empurrar para fora o objeto, como se defecasse. A força deve ser no sentido contrário ao que entra. Por incrível que pareça, isso causa sempre um grande alívio, e o objeto, no caso o pênis do parceiro, vai ainda mais fundo sem a mínima dor, pois a dor vem justamente da “contração” no início da penetração. No começo desta, o esfíncter (o popular “anel”) vai querer automaticamente se fechar e barrar a entrada, convulsivamente, e é isso que pode causar desconforto em certos casos. Mas havendo o esforço em sentido contrário por parte do ânus do passivo, o pênis mergulhará fundo e fácil, pois todo o reto vem sobre e ele e o engole inteiramente. Se houvesse a “contração” do intestino, as paredes do reto seriam violentamente “esticadas” pelo membro penetrante. Se bem que uma boa lubrificação possa evitar tal esticamento, não evita, em todos os casos, a sensação meio desagradável da transa feita precipitadamente.

É claro que o passivo não precisa ficar com o ânus “escancarado” o tempo todo – é só quando o pênis do parceiro entra pela primeira vez. E logo que ele sair, ainda que parcialmente, é aí que o reto deve contrair-se e o ânus se fechar firme. E assim, sucessivamente, para que os parceiros acompanhem seus ritmos.

Esse movimento de “empurra-encolhe”, em conformidade com o pênis que “entra-sai” ocorrerá só no início da transa, para dar tempo para a bunda se acostumar com o vai-e-vem. O ritmo pode depois se acelerar, sem problemas, quando o passivo já estiver bem preparado para isso.

E que absurda essa idéia de “defecar para dentro”! As pessoas se baseiam no fato de que quando “seguramos” as fezes, durante o tempo em que não chegamos ainda ao banheiro, essa sensação de segurar é desagradável. Claro que é, mas esse desagradável não vem do fato de haver um objeto dentro do reto, mas sim pela pressão causada sobre o esfíncter, em seu lado interno, quando ele tenta, meio que dolorosamente, “barrar” a passagem das fezes. Ora, é justamente esse “barrar” que incomoda, e não o simples fato de o intestino estar cheio.

Já numa relação anal, o orifício fica sempre aberto, sem receber pressão sobre o lado interno do esfíncter. É uma sensação de grande alívio sentir-se assim “aberto” - totalmente receptivo ao amor do parceiro. E jamais se pode dizer que o sexo anal seja tão-somente como defecar: desde quando as fezes conseguem estimular as regiões mais sensíveis do interior do corpo? Só uma técnica bem orientada pode fazer isso.


(CONTINUA)


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O dossiê – sexo oral e HIV (parte II)

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Já expus a opinião geral da medicina e dos gays que já sabem da notícia. Agora darei opiniões pessoais minhas, ressaltando desde já que posso estar errado, e que este é um campo muito sério, de excepcional gravidade; mas não posso me responsabilizar além da conta se por acaso eu for mal entendido. Estou aqui para esclarecer dúvidas, dentro de meu conhecimento, mas todos devem pensar por si mesmos e não se apegar ao que digo como sendo algo definitivo. Afinal, nem mesmo a medicina está totalmente segura do que alega...

Não falo aqui do sexo oral no contexto lésbico e/ou praticado em mulheres, porque isso escapa ao meu entendimento – fora que o público alvo deste portal é majoritariamente masculino.

Não posso agora dizer pra galera: “chupem só de camisinha!”, de modo generalizado, nem pedir que se abstenham de sexo oral – mesmo porque não lograria êxito algum. Essa prática já está consagrada, e, mesmo a nível heterossexual, é mais difundida e praticada que o sexo anal – vide o próprio Kama Sutra, que até lhe aponta significados místicos...

Mas vamos à parte PRÁTICA da coisa.

Quem sabe, sabe que não é o esperma propriamente dito o único risco – existe também o líquido pré-ejaculatório, aquela gosminha que surge na orifício da uretra quando o homem fica excitado. Essa substância pode ser transparente, já que não se misturou à parte “grossa” do esperma, mas já contém espermatozóides... e, em certos casos, HIV.

Ou seja, o cuidado na hora de chupar deve ser desde o início; não precisa esperar chegar a ejaculação. E não se pode deixar que o fluido corporal chegue às amígdalas – o que pode ser difícil, já que os movimentos semi-voluntários da língua tendem a levar para a garganta qualquer coisa que entre na boca.

Temos, como alternativa, lamber o corpo do pênis, e não sua ponta, caso insistamos em não colocar camisinha no parceiro. Masturbá-lo também é uma boa pedida, em qualquer caso. Na dúvida, tente pelo menos exagerar na dose de saliva – ela costuma ser fatal para nosso minúsculo inimigo...

Mas – perguntemo-nos – quais seriam, afinal, os riscos reais, ainda que estimativos, da contaminação por via oral, em comparação ao sexo anal?

O risco de contaminação por via oral ainda é de aproximadamente 1%, se comparado à outra forma (segundo o grupo ASPA, de São Leopoldo, que trabalha na prevenção da Aids). Mas é claro que não convém arriscar: para uma pessoa que contrai o vírus, pouco importa se ela pertence a um grande ou a um pequeno grupo estimativo...

Então, poderíamos ou não fazer uma abordagem diferenciada para as prática do oral e do anal? Não seria o caso de diminuirmos o rigor da prevenção, naquele caso menos arriscado? Não haveria uma forma de evitar que uma bela relação romântica acabe virando uma legítima paranóia?

BÁSICO =

Altamente recomendável: usar camisinha no pênis do parceiro a ser chupado SEMPRE que este parceiro for um desconhecido ou quase-desconhecido; em encontros fortuitos, em dark-rooms, e a nível de promiscuidade de qualquer tipo.

Em último caso, recomendo que se dispense a camisinha para o sexo oral APENAS nos casos de namoro sério e firme (a recomendação é específica para sexo oral, não para o anal – atente para disso!). Sim, eu sei muito bem que é difícil existir relacionamento sério hoje em dia, mas não posso me iludir e achar que os gays vão parar de fazer sexo oral sem camisinha assim com tanta facilidade! Sejamos realistas, ok? Vai no bom senso de cada um.

Já para o sexo anal – este sim! – não se pode jamais dispensar o preservativo, nem para parceiros fixos. Não apenas pelo risco altíssimo de contaminação por HIV (que continua na proporção de 99 para 1 em relação ao sexo oral no quesito risco), mas também porque há outros prejuízos à saúde, mesmo entre parceiros saudáveis: sabe-se que o eventual contato do pênis com coliformes, normalmente presentes no interior do intestino, pode causar sérias infecções (falaremos disto em outra ocasião).

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Espero que estas recomendações possam ajudar, e muito, a comunidade gay. Mas não pretendo que o assunto se esgote por aqui! É importante abrirmos um debate; que haja envolvimento de todos. Não podemos nos deixar calar pelos tabus – não estamos falando de “taras sexuais”, mas de vida e morte, prazer, saúde, amor... Não nos esquivemos, portanto! Se no âmbito da medicina ainda há muito por se descobrir, quanto não haveria, então, no das relações humanas!

Não queremos causar paranóia e hipocondria em ninguém! – o objetivo é justamente melhorar e ampliar nossas possibilidades de prazer e relacionamentos.

E que cada um encontre as suas, e viva na coerência de suas decisões.


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O dossiê – sexo oral e HIV (parte I)


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Vamos abordar um assunto que, apesar de importantíssimo – e urgente! – geralmente costuma ser desconsiderado por muita gente. Fingimos que “não é conosco” e fechamos os olhos para os riscos dessa prática. Mas já é hora de encararmos de frente o problema e falarmos sério a respeito.

Pesquisas recentes feitas pelos NIH (Institutos Nacionais de Saúde), dos Estados Unidos, apontam para o dado alarmante: o vírus HIV pode, ao que tudo indica, ser transmitido por via do sexo oral com mais facilidade do que se supunha até então.

Embora essa prática seja, de fato, menos arriscada que o sexo anal para a transmissão do patógeno (já que a saliva possui propriedades antivirais, e as gengivas, mesmo quando feridas, produzem queratina, que as fortalece e previne o contágio; e, além disso, caso o esperma seja engolido, o suco gástrico mata prontamente o vírus), os pesquisadores e médicos sempre têm se espantado com os relatos (e não são poucos) de pessoas que afirmam terem sido contaminadas apenas devido ao sexo oral.

O que estariam elas fazendo de errado?

“O segredo está nas amígdalas” – dizem os especialistas dos NIH. O que acabou de se descobrir é que há um “ponto fraco” da garganta para a recepção do vírus HIV.

As amígdalas, uma vez que servem ao sistema imunológico (que ironia...), agem de forma a detectar os agentes patógenos perigosos ao organismo, para manter o organismo “alerta”. Ora, essas glândulas possuem, para a tarefa, muitas células dotadas de uma proteína chamada CXCR4 – mas o problema é que esta proteína é justamente um dos receptores favoritos do HIV para a invasão do organismo (o bichinho é esperto...). A CXCR4 se “encaixa” no vírus e leva o danado por uma “tour” pelo nosso corpo, crente de que está nos ajudando...

As amígdalas fazem um árduo trabalho, mas o preço disso é que elas, no final, ficam enfraquecidas, mais frágeis e expostas ao invasores. Ou seja, o sistema de detecção dos vírus feito pelo organismo através das amígdalas é uma estratégia mais que ineficiente no caso de se tratar de HIV – o tiro sai pela culatra!

A equipe de doutores, liderada por Sharon M. Wahl, frisa: “os dados sugerem que a expressão aumentada de moléculas associadas à conexão e entrada do HIV, associada aos fatores antivirais inatos reduzidos, podem tornar a amígdala um local potencial para transmissão oral". (Os resultados dos estudos foram publicados na edição de agosto de 2007 do periódico "The American Journal of Pathology".)

Estariam, assim, as contaminações por via oral finalmente explicadas? Acabou-se o “mistério” que intrigava até mesmo os mais zelosos estudiosos da saúde, os quais também acreditavam, até pouco tempo atrás, que o sexo oral não era tão arriscado como se pensava?

É bom lembrar que as pesquisar ainda não são conclusivas, estão ainda em desenvolvimento. Mas é claro que não precisamos esperar uma conclusão 100% para começarmos a tomar providências a respeito!!

As dúvidas que surgem são imensas e inúmeras... E quem não tem amígdalas? Pode “chupar” sem medo? Não haveriam outros riscos? Uma coisa é certa: as contaminações por sexo oral são um FATO. Seria até confortante, para nós, que a explicação definitiva fosse mesmo essa da “fragilidade das amígdalas”, porque aí já teríamos um dado conclusivo – haveria um relativo controle da situação. Mas, caso o segredo da contaminação oral for outro, estaremos novamente em apuros...


(CONTINUA)


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