terça-feira, 18 de agosto de 2009

O dossiê – sexo oral e HIV (parte II)

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Já expus a opinião geral da medicina e dos gays que já sabem da notícia. Agora darei opiniões pessoais minhas, ressaltando desde já que posso estar errado, e que este é um campo muito sério, de excepcional gravidade; mas não posso me responsabilizar além da conta se por acaso eu for mal entendido. Estou aqui para esclarecer dúvidas, dentro de meu conhecimento, mas todos devem pensar por si mesmos e não se apegar ao que digo como sendo algo definitivo. Afinal, nem mesmo a medicina está totalmente segura do que alega...

Não falo aqui do sexo oral no contexto lésbico e/ou praticado em mulheres, porque isso escapa ao meu entendimento – fora que o público alvo deste portal é majoritariamente masculino.

Não posso agora dizer pra galera: “chupem só de camisinha!”, de modo generalizado, nem pedir que se abstenham de sexo oral – mesmo porque não lograria êxito algum. Essa prática já está consagrada, e, mesmo a nível heterossexual, é mais difundida e praticada que o sexo anal – vide o próprio Kama Sutra, que até lhe aponta significados místicos...

Mas vamos à parte PRÁTICA da coisa.

Quem sabe, sabe que não é o esperma propriamente dito o único risco – existe também o líquido pré-ejaculatório, aquela gosminha que surge na orifício da uretra quando o homem fica excitado. Essa substância pode ser transparente, já que não se misturou à parte “grossa” do esperma, mas já contém espermatozóides... e, em certos casos, HIV.

Ou seja, o cuidado na hora de chupar deve ser desde o início; não precisa esperar chegar a ejaculação. E não se pode deixar que o fluido corporal chegue às amígdalas – o que pode ser difícil, já que os movimentos semi-voluntários da língua tendem a levar para a garganta qualquer coisa que entre na boca.

Temos, como alternativa, lamber o corpo do pênis, e não sua ponta, caso insistamos em não colocar camisinha no parceiro. Masturbá-lo também é uma boa pedida, em qualquer caso. Na dúvida, tente pelo menos exagerar na dose de saliva – ela costuma ser fatal para nosso minúsculo inimigo...

Mas – perguntemo-nos – quais seriam, afinal, os riscos reais, ainda que estimativos, da contaminação por via oral, em comparação ao sexo anal?

O risco de contaminação por via oral ainda é de aproximadamente 1%, se comparado à outra forma (segundo o grupo ASPA, de São Leopoldo, que trabalha na prevenção da Aids). Mas é claro que não convém arriscar: para uma pessoa que contrai o vírus, pouco importa se ela pertence a um grande ou a um pequeno grupo estimativo...

Então, poderíamos ou não fazer uma abordagem diferenciada para as prática do oral e do anal? Não seria o caso de diminuirmos o rigor da prevenção, naquele caso menos arriscado? Não haveria uma forma de evitar que uma bela relação romântica acabe virando uma legítima paranóia?

BÁSICO =

Altamente recomendável: usar camisinha no pênis do parceiro a ser chupado SEMPRE que este parceiro for um desconhecido ou quase-desconhecido; em encontros fortuitos, em dark-rooms, e a nível de promiscuidade de qualquer tipo.

Em último caso, recomendo que se dispense a camisinha para o sexo oral APENAS nos casos de namoro sério e firme (a recomendação é específica para sexo oral, não para o anal – atente para disso!). Sim, eu sei muito bem que é difícil existir relacionamento sério hoje em dia, mas não posso me iludir e achar que os gays vão parar de fazer sexo oral sem camisinha assim com tanta facilidade! Sejamos realistas, ok? Vai no bom senso de cada um.

Já para o sexo anal – este sim! – não se pode jamais dispensar o preservativo, nem para parceiros fixos. Não apenas pelo risco altíssimo de contaminação por HIV (que continua na proporção de 99 para 1 em relação ao sexo oral no quesito risco), mas também porque há outros prejuízos à saúde, mesmo entre parceiros saudáveis: sabe-se que o eventual contato do pênis com coliformes, normalmente presentes no interior do intestino, pode causar sérias infecções (falaremos disto em outra ocasião).

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Espero que estas recomendações possam ajudar, e muito, a comunidade gay. Mas não pretendo que o assunto se esgote por aqui! É importante abrirmos um debate; que haja envolvimento de todos. Não podemos nos deixar calar pelos tabus – não estamos falando de “taras sexuais”, mas de vida e morte, prazer, saúde, amor... Não nos esquivemos, portanto! Se no âmbito da medicina ainda há muito por se descobrir, quanto não haveria, então, no das relações humanas!

Não queremos causar paranóia e hipocondria em ninguém! – o objetivo é justamente melhorar e ampliar nossas possibilidades de prazer e relacionamentos.

E que cada um encontre as suas, e viva na coerência de suas decisões.


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4 comentários:

  1. Interessante a cautela q/ deve se ter no sexo oral, faço sexo oral c/ meu parceiro sem nenhuma prevenção, agora vou me cuidar sem frustração, pois sexo bem feito é sem medo.

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  2. Achei super interessante esta postagem,eestou ficando mais interado com relacao ao assunto,tenho medo da relacao oral sem preservacao mesmo nao a tendo feito.Fico extremamente satisfeito quando leio sobre o assunto pois me ajuda a pensar muitoo bem antes de tomar qualquer decisao..!!!

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  3. Adorei este blog parabens! Estou esperarando q vc aborde outros assuntos pq isso nos ajuda muito...
    Bjs

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  4. Excelente blog pela forma de instruir os pretendentes e os que estão nesse meio obrigado.

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